A relação entre coerência, imagem pública e confiança
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As redes sociais representam um universo ilusório e sugestivo, onde é possível assumir diferentes identidades. Nelas, é fácil mostrar uma imagem diferente da realidade. O que vemos é, em grande parte superficial e de certa forma, isso é até legítimo, afinal ninguém gosta de expor suas vulnerabilidades e erros. E é justamente aí que reside um dos aspectos centrais do seu impacto, pois muitos acabam nutrindo a crença de que o outro é superior e que tudo em sua vida é melhor. A realidade é amplificada de forma intencional para atrair.
No contexto empresarial, essa sedução digital que se alimenta da emoção e da necessidade de ser validado, pode se tornar uma armadilha, fazendo vítimas desprevenidas. Produtos ou serviços que na promessa parecem extraordinários podem não corresponder as expectativas criadas nos clientes. Isso não é apenas prejudicial para os outros, mas também para empresas e marcas que ao persistirem com esses comportamentos acabam perdendo a credibilidade. Na minha área de atuação, ouvi discursos e vi postagens confusas, com a finalidade de vender soluções que não funcionam.
O ponto principal é que, mesmo que as redes sociais tenham um impacto grande e rápido, a falta de verdade e lógica no que é apresentado tende gradativamente a ser destrutivo. Quando as pessoas começam a conversar entre si, a buscar informações em fontes confiáveis e a notar a diferença entre a imagem pública e a realidade, a confiança se desmorona e o declínio da empresa tende a ser devastador. Por isso, empresas e profissionais que querem se destacar de forma duradoura devem ser responsáveis, transparentes em suas comunicações, a fim de não ser taxado de golpista.
•Quando o especialista erra: a influência da desinformação
Errar é humano! Como diz o ditado popular : é errando que se aprende. Com tudo, quando um especialista ou figura pública influente, comete um deslize, propaga informações errôneas ou mal interpretadas, a situação pode transcender o simples engano. Nesses casos, é importante deixar o ego de lado e admitir as próprias limitações. Um sincero «não sei», «vou me informar» ou «eu errei» é preferível à teimosia em persistir no erro.
Ao dar ouvidos, o publico pode tomar decisões equivocadas e apressadas, contratar serviços inadequados ou perder a capacidade de discernir o verdadeiro do falso. E por vezes, torna-se algo difícil ter que reajustar informações para outros profissionais pois o cliente chega com a convicção de que as coisas são de uma determinada forma e não quer mudar a perspectiva. Não foram poucos os que me procuraram com relatos preocupantes, afirmando terem recebido certas orientações de advogados e juristas. Sempre tive um certo ceticismo, porém a minha percepção mudou quando me apresentaram conversas e áudios; e ao iniciar profissionalmente nas redes sociais, percebi a gravidade da situação..
•Exemplos de empresários, advogados e consultores migratórios que compartilham informações imprecisas, gerando confusão no público
Jamais irei citar nomes de advogados ou de outros profissionais, pois não é esse o intuito e tampouco a finalidade deste artigo. A minha recomendação é : inspire-se nas jornadas migratórias de quem teve sucesso apesar das dificuldades, mas não tente replicar a realidade dos outros na sua. Cada história e cada percurso é único.
Não busque informações sobre questões legislativas e seus direitos nas redes sociais. Não é o canal adequado para obter orientações confiáveis. Embora tenham muitos conteúdos relevantes com informações fundadas, a verdade é que há muita divergência, cada um diz uma coisa então é fácil acabar completamente perdido. E permitam-me a sinceridade, mas no meu ponto de vista, é importante procurar profissionais que não apenas conheçam, mas que vivenciem os códigos culturais do país. Profissionais cujo propósito maior é exercer sua função com integridade, e não «crescer» a qualquer custo.