Equilíbrio ou Exaustão? Um alerta para quem prioriza o trabalho
Por Cláudia Santos
Vivemos em uma sociedade em que a produtividade é ovacionada e o descanso, quase visto como um luxo. Trabalhar sem parar virou sinônimo de valor, principalmente no mundo contemporâneo que muitas vezes mede o sucesso pela quantidade de conquistas materiais ou metas batidas.
O problema? A conta chega – e ela pode custar caro: a saúde, a família, a paz interior.
Falo com conhecimento de causa. Sempre fui uma mulher focada em saúde, disciplina e autocuidado. Mesmo com todos os cuidados, há alguns anos fui surpreendida com o diagnóstico de um carcinoma ductal in situ – um tipo de pré-câncer. Felizmente, por ter o hábito de fazer exames de rotina, descobri a tempo. Isso me salvou. Mas também me alertou: se mesmo cuidando, eu adoeci, imagine quem ignora os sinais do corpo?
O peso invisível da rotina
Antes, minha vida girava entre as tarefas da casa, filhos, marido e trabalho. Hoje, os papéis mudaram – sou mãe e avó, com responsabilidades diferentes, mas continuo com uma rotina intensa: academia, casa, netos e a gestão de uma empresa de mídias digitais com quatro canais ativos, incluindo redes sociais e produção de conteúdo.
São muitas funções e, sim, às vezes me sinto sobrecarregada.
Mas o que mudou? Minha consciência. Priorizar a saúde não é egoísmo – é estilo de vida. A maturidade me ensinou que não dá para servir aos outros com um copo vazio.
A Idolatria ao excesso
Vivemos um tempo em que homens e mulheres competem silenciosamente para ver quem dá conta de mais tarefas. Muitas mulheres se orgulham de “dar conta de tudo”, sem perceber o preço emocional e físico por trás disso. E os homens, muitas vezes pressionados a serem provedores incansáveis, negligenciam suas emoções e saúde silenciosamente.
A conta chega para todos. Doenças crônicas, ansiedade, insônia, irritabilidade, ausência emocional com a família e amigos são sinais comuns de que estamos nos afastando do que realmente importa.
Histórias que se repetem: o tempo que nunca dá
Já ouvi relato de pessoas que vivem dizendo:
“Não tenho tempo nem para ir ao médico.”
São empresários, pais, mães, profissionais brilhantes – mas cegos pelo excesso. Não se trata apenas de uma agenda cheia, mas de uma escala de valores mal organizada.
Uma dessas pessoas, que admiro muito, está há mais de décadas sem fazer exames de rotina. Ele vive para atender clientes, cumprir prazos e resolver situações profissionais. Quando falo sobre autocuidado, a resposta é sempre a mesma: “Depois eu vejo isso, preciso trabalhar.”
Mas depois, às vezes, pode ser tarde demais.
Essa dificuldade em priorizar a própria saúde não é só falta de tempo – é falta de consciência do que realmente importa. E, muitas vezes, é preciso um susto ou um colapso para despertar.
O que vale a pena?
Hoje, com quase 48 anos, me sinto realizada – não pelo excesso, mas pelo equilíbrio que venho buscando. O trabalho me traz propósito, mas meu relacionamento com Deus, minha saúde, minha família e meus amigos precisam estar na minha agenda.
O contato com meus netos, os momentos de espiritualidade e autocuidado não são negociáveis.
Se você sente que não tem tempo para cuidar de si, talvez já tenha perdido algo mais importante do que um prazo ou uma reunião: seu auto valor.
7 Dicas para Equilibrar Trabalho, Saúde e Vida Pessoal
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Faça exames de rotina, mesmo sem sintomas. Prevenção salva vidas.
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Bloqueie tempo na agenda para você. Academia, oração, leitura, silêncio – agende como se fosse uma reunião com seu maior cliente.
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Defina limites com o trabalho. Não leve demandas para a mesa de jantar nem para a cama.
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Desacelere. O mundo não vai parar se você descansar, mas seu corpo pode parar se você não o respeitar.
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Fale sobre saúde mental. Ansiedade e burnout não são sinais de fraqueza, e sim de que algo precisa mudar.
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Valorize sua família. Sucesso profissional que custa seus relacionamentos é fracasso disfarçado.
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Busque propósito, não apenas produtividade. Trabalhar com o que se ama é bom, mas viver com qualidade é ainda melhor.