Monte Etna: A Ciência por Trás do Vulcão Mais Ativo da Europa
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Pesquisadores italianos monitoram em tempo real o comportamento do gigante da Sicília, cuja atividade contínua desafia os limites entre risco e riqueza natural.
Sicília, Itália – No coração do Mar Mediterrâneo, um dos vulcões mais estudados do mundo permanece em constante atividade: o Monte Etna, localizado na costa leste da ilha da Sicília. Com mais de 500 mil anos de existência e uma média de erupções a cada poucas semanas, o Etna é hoje um laboratório natural para cientistas e uma fonte de preocupação e fascínio para a população local.
Monitoramento em tempo real e alta tecnologia
O Etna é vigiado 24 horas por dia por especialistas do Istituto Nazionale di Geofisica e Vulcanologia (INGV), que utilizam uma combinação de sensores sísmicos, imagens térmicas por satélite, espectrômetros de gás e drones para mapear a atividade interna do vulcão. Um dos focos principais é o monitoramento dos fluxos de dióxido de enxofre e dióxido de carbono, que sinalizam o acúmulo de magma nas profundezas.
Os dados são transmitidos em tempo real para centrais de análise, permitindo que alertas sejam emitidos com horas — ou em alguns casos, dias — de antecedência.
Um equilíbrio delicado entre destruição e fertilidade
Apesar de seu histórico de erupções destrutivas, o Monte Etna é também responsável pela fertilidade das terras que o cercam. O solo vulcânico rico em minerais favorece a agricultura e sustenta milhares de famílias sicilianas. Uvas, azeitonas, pistaches e frutas cítricas da região são reconhecidos internacionalmente pela qualidade, muito devido à presença do Etna.
Mudanças climáticas e atividade vulcânica
Nos últimos anos, cientistas vêm investigando possíveis relações entre o aquecimento global e a intensificação da atividade vulcânica. Embora não haja uma ligação direta comprovada, há indícios de que o degelo das calotas polares e o aumento da pressão atmosférica possam influenciar o equilíbrio da crosta terrestre em algumas regiões, incluindo a bacia do Mediterrâneo.
O Etna, por sua vez, continua ativo, com episódios eruptivos recentes em fevereiro e abril de 2025, incluindo colunas de cinzas com mais de 4 mil metros de altura e pequenos fluxos de lava que obrigaram o fechamento temporário do aeroporto de Catania.
Um patrimônio da humanidade em constante transformação
Desde 2013, o Monte Etna é reconhecido como Patrimônio Mundial da UNESCO, tanto por seu valor geológico quanto por sua contribuição ao conhecimento científico global. Ele representa um exemplo raro de convivência entre comunidades humanas e uma das forças naturais mais poderosas do planeta.